22.11.08

Novembro



Diz a rapariga ao rapaz, estou farta de ti, não te suporto. Não és um homem, pois os homens têm pêlos no escroto e o seu hálito cheira a tabaco e cerveja morta, são maus e batem nos mais fracos, tu és bom e choras quando deves chorar, bebes campari e vinho do porto, lês poesia e abraças todas as pessoas; és fraco e eu não quero saber de ti. Diz o rapaz à rapariga, configuras e reconfiguras o real como te apraz, vives só, inventas coordenadas impossíveis de percorrer, traças metas impossíveis de alcançar, amo-te desde que nasci embora só te conheça há dois anos; agrada-me a tua pele suave, acariciá-la, beijar os teus lábios húmidos, e outras coisas que me proporcionam igual prazer; não me abandones, peço-te. A rapariga faz um gesto de enfado e vira costas, abandonando o rapaz. Este fica só, fumando uma cigarrilha perfumada. Olha em volta, mas nada vê.

(Tracey Emin)