FanFan e Clotilde
*
*
Clotilde morreu como todos deveríamos morrer. Empoleirada sobre o rebordo do terraço, enquanto declamava passagens da "Desobediência Civil", de Thoreau, inclinou-se lentamente para trás, até que perdeu o equilíbrio e se precipitou velozmente sobre o Mondego. Todos aplaudimos o seu sentido estético.
FanFan, a dona do terraço e amiga intima da pobre suicida, contou-me, alguns meses depois, que Clotilde há muito vinha planeando o maravilhoso acto.
I
Amo Clotilde. Amo apaixonadamente Clotilde.
II
No entanto, eu sei.
Eu sei.
(continua, sabe-se lá quando)
Eu sei.
(continua, sabe-se lá quando)