Passeava à noite no parque. Parou para descansar junto a um banco, onde, deliciosamente bela, se sentava uma jovem rapariga, saia preta até aos joelhos. Perguntou-lhe, o que fazes aqui, já é tarde, estás só, o parque é perigoso a esta hora. Respondeu-lhe a saia preta, rindo, arregaçada até às coxas, exibindo a ausência de roupa interior. Nem uma palavra proferiu. Ficou pasmo, chocado até, mas não desagradado, era muito bela a rapariga, demasiado; o meu nome é Emanuel, gosto das tuas pernas, da tua saia, da forma da tua barriga; está frio, é novembro, tenho os ossos gelados, estou cansado, muito me agradaria passar esta noite contigo, pareces ser quente e educada. Talvez pudéssemos namorar, tu calada de saia arregaçada até às coxas, eu falando, sobre o mundo e as coisas que existem, que são, como nós. Chamo-me florbela, não sinto frio, gosto deste banco, deste parque, a saia foi-me oferecida pela minha mãe, é a minha favorita, uso-a sempre, só a tiro quando necessita de ser lavada, há três anos que não vou à missa, nunca rezei a deus, nem a jesus cristo, nem a maria, nem aos santos, mas conheço um anjo, tenho um cão que se chama baltazar e gosta de comer as próprias fezes, não quero namorar contigo, embora me pareças gentil e divertido, daqui a pouco vou ao teatro.
(Tracey Emin)
