27.5.08

um p(r)o(u)st sobre motas

ler proust é partir uma perna no verão, quando se tem quinze anos, e passar dois meses a arrastar um quilo de gesso malcheiroso pela casa, enquanto os nossos amigos, todos morenos e loirinhos por causa do iodo (vocês sabem lá o bem que faz o iodo), engatam, alegres, les jeunes filles en fleurs.
aos dezoito, os nossos amigos ainda mais loiros, ainda mais moreninhos, hão-de comprar pranchas de surf e DTR's.
de nós, ninguém saberá, excepto o dono da livraria baratucha e merdosa, em cujas estantes bafientas espetaremos os cornos à procura do schopenhauerzito querido (ou coisita que o valha), ao som de velhos hits da ana malhoa.