28.10.11

Um poema

Bruxelas é uma cidade agradável de topografia generosa. Infelizmente não tem ciclovias dignas, como Hamburgo, a minha cidade favorita. Um destes dias, 15 de Outubro, saí à rua para me manifestar. Ainda antes de chegar a Saint-Géry, vejo lá ao longe, na Dansaaert, ligeiramente escondidas pela esquina da Kartel, muitas pessoas. E tinham cartazes e assim. E havia máscaras, e papéis a dizer 99%, e adolescentes e avós. E vi os do zeitgeist, e vi os crusties e os punks e assim, e vi o povo, o povo sereno, sereníssimo. Aplaudiam uma carrinha, de onde saíam os greenday, que devem ter vindo directamente lá da Califórnia ou o caralho, sem fazer nenhuma paragem, porque estavam muito sujos.
E vi as feministas e os sans-papiers; seguiam na cauda da revolução. Primeiro as feministas, tinham uma faixa escrita à mão. a mão que embala o berço e limpa a merda da sanita, também serve para escrever palavras de ordem. Vinham alegres e eram todas espanholas. Depois vinham os sans-papiers, que não eram espanhois e se expressavam em francês. moles e de meia idade, mas ainda assim contentes, como os gordos que correm a maratona. tinham buços e barretes e o sol batia-lhes na cara sem os incomodar. mulheres não vi, creio que ficaram em casa a cozinhar. espero que tenham feito um daqueles pratos com lentilhas, são quase sempre espectaculares.

Olá

Pensei em arranjar um novo, mudar tipo para o wordpress ou assim, as pessoas da minha escola dizem-me que já ninguém usa o blogger. São más as pessoas da minha escola, ficam horas a ajustar um kerning e comparam as linhas de código. Depois riem-se e batem na cabeça: que tontos que somos, dizem; e eu vejo, os óculos de massa, as gabardines cintadas, os casacos com ombros e os sapatos comprados no ebay. eu não compro os meus sapatos no ebay.